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16.9.09

tempo


tenho achado essa nossa relação com o tempo muito estranha.
o tempo deve ser aproveitado à exaustão, repetimos e somos repetidos o dia inteiro que a vida é agora, que o melhor lugar do mundo é agora e que entre passado e futuro o melhor é o presente.

aproveitamos todos os segundos com atividades simultâneas, exaustivas e participamos de todas com a nossa ausência.
(onde a gente está nesse tempo todo mesmo?).
escovar o dente e ver tv. dirigir e ler o restinho do resumo da prova e consertar a perna do óculos. almoçar e conversar e ver o extrato do banco. tomar banho e lavar roupa e ouvir música.

o custo. entendemos que tempo é dinheiro, precificamos o tempo e agora ele tem um custo. o foda é que o preço sobe até onde for e as 24 horas continuam as mesmas.

as imagens. tiramos tanta foto pra permitir que nossos olhos visitem sempre o passado com alguma precisão e nessa tentamos congelar o tempo na nossa cabeça. nisso, acabamos esquecendo de viver as horas, preocupados em capturar o melhor ângulo que, se der tempo, a gente pode voltar a visitar.

o quando. queremos tudo pra ontem. acaba que a gente tenta acelerar tudo na base da porrada: apertamos freneticamente o botão de chamar o elevador, o botão de fechar o sinal, o botão do controle remoto e a buzina do carro, como se a nossa ansiedade corporal fosse abalar algum desses tempos.

o resultado. e mesmo acreditando que desenvolvemos tantos métodos tão eficientes pra aproveitar o tempo; e tendo a fiel incerteza de que de fato vivemos no presente, ainda assim os anos passam mais rápido, os dias voam e nem percebemos as horas, num misterioso e conspiratório movimento do calendário ocidental ou da força da gravidade, vai saber.

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