todos os fatos, novidades e destemperamentos que eu queria comentar com mais de 5 pessoas mas tive preguiça de ligar.

18.1.10

vai, mas depois volta


O elástico estica, estica, e quando é solto volta e pá, machuca a mão.
A grávida tem a barriga que enche, enche, enche e depois esvazia.

Dona Armina, moradora do Recife, tem que calçar o chinelo quando decide se banhar no mar. Não é qualquer um, mas "aqueles ortopédicos, que aguentam a caminhada, é um pouquinho longe, né minha filha". Dona Armina comprou sua casa na beira mar, em 1975, e nessa época não se falava em veneza sumir nem em iceberg derreter.

Ferraz, engenheiro que trabalha numa plataforma de petróleo, ia pro trabalho de lancha em 2001. "Era ruim porque tinha que esperar, né. E a maré me deixava enjoado demais." Quando foi contratado, a plataforma ficava lá longe na linha do horizonte do oceano. Daquele gigante a gente só enxergava um quadradinho, enquanto se distraía na cadeira da praia. Nessa época já se falava no urso polar que ia ficar chorando sozinho no quadradinho do iceberg.

Pois bem, Veneza sumiu, o iceberg derreteu e o urso nadou pro canadá.

Coisa desse padrão de extremos da natureza, que conserta tudo sem pedir opinião. Encheu, encheu, encheu e depois esvaziou, como a barriga da grávida. A água tinha que descer, e desceu que nem quando a gente esvazia a banheira. O mar rodopiou ralo abaixo, e num erro de cálculo ou numa birra mesmo, acabou indo água demais, demoraram muito pra achar a tampa que fica presa naquela correntinha.

Dona Armina, que viu sua varanda do primeiro andar encher de água, agora caminha aproximadamente 15 minutos pra molhar os pés nas ondas. No caminho compra um suco na barraca da areia no meio do caminho, pra não se desidratar enquanto anda.
Ferraz, que por um período pegou a tal da lancha na porta de casa no terceiro quarteirão pra dentro da beira-mar, agora vai de caminhonete pra plataforma e adora não ter mais que tomar plasil antes de ir pro trabalho.