todos os fatos, novidades e destemperamentos que eu queria comentar com mais de 5 pessoas mas tive preguiça de ligar.

11.5.11

É praticamente inverno, tempo de usar saia-meia-sapato, por mais que eu ache que não saiba lidar direito com meia-calça. Dez minutos em pé e o fundo chega no joelho. Nada grave.

"Oi, tô procurando uma meia-calça, mas não sei exatamente qual. Essa é a única fio 80?"
"É sim, a única."
"É que, assim, a que eu tenho é diferente, tem outra textura.."
A atendente responde objetivamente e sem grosseria, fato raro nesses dias: "Ah, você deve estar falando das bolinhas.. Moça, essa meia tá no balcão há 2 invernos. A gente atende umas 100 pessoas por dia nesse balcão e no mínimo a metade das pessoas puxa essa meia pra sentir o tecido. Pra você ver, pense, umas 600 pessoas já puxaram ela. Acho que ela tá é bem inteirinha, hein..."
"Er.. é... verdade.."

Enquanto pagava a meia de textura zerada algumas coisas me ocorreram:
a) todo mundo compra meias no inverno pra usar com saia e sapato;
b) as minhas nunca terão bolinhas, a possibilidade de 50 pessoas pegarem na minha perna/dia é bastante remota;
c) a vendedora está no serviço errado, devia estar trabalhando no censo e nas estatísticas.

1.5.11

Dos hábitos alimentares

Família Forreita é tradicional do RJ, e desde as vilas de 1800 e pá criou-se e garantiu-se nos interiores se alimentando na base do aipim (regionalismo para mandioca) e chã de dentro (regionalismo para coxão duro).

Ao longo de sua dispersão geográfica, familia Forreita concebeu diversas promessas do esporte - nadadores, maratonistas e ciclistas.

Os atletas Forreita seguiam duros planos de treino, diários, e mesmo com muito esforço não passaram de promessas por conta de uma crise de câimbra (ou cãibra) que, apesar de crise, era crônica. Pobres Forreitas, invariavelmente não terminavam o treino e iam pra casa com a perninha troncha e os músculos repuxados.

O tempo passa e os Forreita se dão por satisfeitos com sua condição de miguelagem muscular, um provável castigo divino pela monotonia alimentar de carne com mandioca experimentada por seus antepassados.

O tempo passa e o Discovery channel, o canal da instigação frenética, em um de seus programas de investigação metabólica descobriu que os Forreita sofrem de uma ancestral-orgânica-hereditária e inevitável carência de potássio. Muito bem, o triunfo da ciência foi celebrado em uma grande festa pelos Forreita.

De acordo com a nutricionista da família, isso explicava, além da inconveniente persistência das câimbras, estranhos hábitos alimentares observados na casa dos Forreita.
As bananas verdes não amadureciam na fruteira, a voracidade pela fruta era tamanha que não dava tempo. O arroz sempre sobrava sem feijão - as conchas da mesa eram daquelas industriais da merenda escolar - e a batata era preferência em todas as idades - e em todas as refeições, por que não?