Ele me ultrapassou tão rápido que do carro inteiro eu só percebi a cor.
E de tão distraída que eu estava tentando lembrar a marca do carro, e pensando se a fração de segundo do tom de vermelho correspondia ao tamanho do uno que eu esperava, esqueci que o tinha pedido pra me esperar porque não sabia nem como chegar lá.
Antes de ficar indignada com tamanha falta de cordialidade, várias coisas me desocorreram.
Esqueci que descendo na banguela a gente perde controle mais fácil do que se tiver no engate da 5a, e que a economia da gasolina não compensa o coração que chega na boca quando o pneu derrapa.
Esqueci que quando a gente olha demais pro céu enquanto dirige acaba pegando as tartarugas da pista e esqueci que o retorno mais próximo do que a gente perde por distração é sempre muito distante de onde a gente tá.
O que lembrei foi da conta da física que eu não aprendi direito no grau, da velocidade da energia potencial das unidades de medida e das letras gregas.
E continuava tão entretida com isso tudo que já ia esquecendo que tinha um destino certo naquele dia. Foi quando vi que o uno, o vermelho e a cor da fração de carro que quase me rodopiaram na descida estavam ali no próximo sinal verde. Reduzindo, parando e sorrindo pelo retrovisor.
2 comentários:
Ai, que bonitinho....
Respondi seu comentário lá no meu blog mesmo, fulô.
Saudades tb, demais!
Beijos
Nossa. Forte e profundo em proporcional simplicidade e leveza.
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